quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Compulsão por internet e Depressão – o que vem primeiro? O ovo ou a galinha?

Nada é perfeito. Tudo tem o seu lado bom e o lado ruim. É claro que ganhamos muito com a era da globalização, mas infelizmente, muitas pessoas estão pagando um ônus por toda essa tecnologia que cada dia avança mais e mais.

Segundo a psiquiatra Evelyn Vinocur, aumentou muito o número de pacientes que vão à sua clínica em busca de tratamento para compulsão por jogos de videogames e ou pela internet. Muitos pais chegam desesperados ao consultório, pois os filhos passam a maior parte do tempo no computador ou em videogames, comprometendo o rendimento escolar e as habilidades sociais, afirma a especialista.

Segundo Evelyn, cerca de 65% de um dos cônjuges (às vezes o casal precisa de tratamento) acaba precisando de tratamento também, tão grande se torna o sentimento de desespero, impotência e angústia que toma conta daquela casa. Não raro a dinâmica familiar se torna caótica dando presença a atitudes hostis e ameaçadoras entre pais e filhos.

Cerca de 70% das crianças e adolescentes compulsivas à internet apresentam comorbidades, principalmente com Depressão, Transtornos de Ansiedade social, Obesidade, Tiques, TDA/H, entre outros problemas emocionais, exigindo diagnóstico e tratamento precoces, que geralmente inclui o uso de antidepressivos e terapia cognitivo comportamental, associado a Psicoeducação familiar.

E o problema se estende à população mundial. O texto transcrito abaixo, atual, foi publicado no site da ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria – falando da extensão do problema, que pode chegar a resultados catastróficos.

Confiram:

Estudo britânico vincula excesso de Internet à depressão

Pesquisadores dizem que interagir socialmente apenas pela internet pode levar a transtornos psicológicos.

Quem passa muito tempo na Internet tem mais propensão a apresentar sintomas de depressão, disseram cientistas britânicos nesta quarta-feira, 3. Não está claro, no entanto, se a Internet causa depressão ou se a rede atrai os deprimidos.

Psicólogos da Universidade de Leeds disseram ter notado uma "impressionante" evidência de que alguns internautas desenvolvem uma compulsão na qual substituem a interação da vida real por salas de bate-papo e sites de relacionamento social.
"Este estudo reforça a especulação pública de que o excesso de engajamento em sites que servem para substituir a função social normal poderia levar a transtornos psicológicos correlatos, como depressão e dependência", disse a principal autora do estudo, Catriona Morrison, em artigo na revista Psychopathology. "Este tipo de 'surfe aditivo' pode ter um sério impacto sobre a saúde mental."

No primeiro grande estudo com jovens ocidentais sobre essa questão, os pesquisadores analisaram o uso da Internet e os níveis de depressão entre 1.319 britânicos de 16 a 51 anos de idade. Concluíram que 1,2% deles eram viciados em internet.

De acordo com Morrison, esses dependentes passavam proporcionalmente mais tempo em sites com conteúdo sexual, de games ou de comunidades online. Tinham também uma incidência maior de depressão moderada ou severa do que a média dos usuários normais.

"O uso excessivo da Internet está associado à depressão, mas o que não sabemos é o que vem primeiro - as pessoas deprimidas são atraídas para a Internet, ou a Internet causa depressão?", escreveu Morrison.

"O que está claro é que para um pequeno subconjunto de pessoas o uso excessivo da Internet poderia ser um sinal de alerta para tendências depressivas."
Morrison notou que, embora o porcentual de 1,2% de dependentes da Internet seja "pequeno", representa o dobro da incidência dos viciados em jogo na Grã-Bretanha, que é de cerca de 0,6%.

Veículo: Estadao.com.br
Seção: Saúde
Data: 03/02/2010
Estado: Nacional
Videogame causa dependência

Mal afeta crianças e adolescentes, que têm sintomas iguais aos do vício em drogas. Santa Casa tem tratamento grátis

Veículo: O Dia
Seção: Ciência e Saúde
Data: 03/02/2010
Estado: RJ

Nove entre dez crianças e adolescentes são apaixonados por videogames e computadores. A brincadeira, porém, pode acabar se tornando um vício se não houver controle rígido dos pais em relação às horas passadas em frente à tela. Para detectar e tratar casos da chamada “dependência eletrônica”, a Santa Casa de Misericórdia, no Centro, abriu 50 vagas no ambulatório de Psiquiatria Infantil. O doença pode provocar grave queda no rendimento nos estudos e até evasão escolar, quando os jovens simplesmente deixam de ir à aula para jogar.

Segundo o chefe do setor, Fábio Barbirato, os sintomas se assemelham à dependência em drogas, como agressividade e ‘fissura’, entre outros. O especialista alerta que os pais devem começar a se preocupar quando a criança abandona atividades cotidianas — como se alimentar e conviver com amigos — para ficar no mundo virtual. São consideradas ‘normais’ até duas horas por dia de jogos eletrônicos e Internet para crianças e adolescentes.

Barbirato explica que outro indicativo é um comportamento agressivo prolongado — que ultrapassa a ‘birra’ — quando aparelhos eletrônicos são desligados e limites, impostos. “Em casos extremos, a criança pode pegar dinheiro escondido para ir a lan houses e até abandonar a escola para jogar. Muitos pais não sabem impor limites. Há possibilidade de este jovem se tornar um adulto com vícios em pôquer, bingo ou álcool”.

O tratamento para esses casos, diz Barbirato, é feito com consultas semanais de, aproximadamente, uma hora. O psicólogo trabalha com compensações, dando prêmios a quem conseguir ficar longe das máquinas. Os pais participam de reuniões em grupo, onde são orientados. Serão aceitos adolescentes de 12 a 16 anos, com diagnóstico do vício.

FIQUE DE OLHO

CRISE DE ABSTINÊNCIA

A criança com a dependência eletrônica fica extremamente nervosa quando os aparelhos são desligados. A irritação só acaba quando o jogo é retomado.

24 HORAS DE JOGO

A criança dependente é capaz de ficar 24 horas por dia jogando e esquece das outras atividades. O sintoma pode prejudicar o rendimento nos estudos e causar evasão escolar.

FISSURA

O termo caracteriza a necessidade de o jovem estar em contato com os jogos. Para isso, ele é capaz até de pegar dinheiro para pagar lan houses.

ACESSO A TRATAMENTO

A Santa Casa de Misericórdia vai iniciar triagem e diagnóstico dos casos em março, para a seleção dos 50 pacientes de 12 a 16 anos. Para marcar um horário, deve-se ligar a partir de hoje para 2533-0118. O hospital fica na Rua Santa Luzia, 206, Centro do Rio.